Após 5 anos, vítimas da barragem da Vale, em Mariana, ainda não têm reparação justa

Tragédia deixou 19 mortos, centenas de desalojados e um rastro de destruição ao longo de 670 Km de extensão do Rio Doce. Ninguém foi preso ou punido até agora. Indenizações são insuficientes, dizem vítimas

Cinco anos após o rompimento da Barragem do Fundão, da mineradora da Samarco, Vale e BHP Billington, em Mariana/MG, ter deixado um rastro de destruição social e ambiental ao longo de toda a extensão do Rio Doce – de Minas Gerais até o Oceano Atlântico, no Espírito Santo – a reparação aos danos causados pela tragédia é pífia.

O rompimento despejou 43,89 milhões de metros cúbicos de dejetos na bacia do rio, provocou a morte de 19 mortos pessoas e o desalojamento de centenas de famílias. Comunidades inteiras foram devastadas ao longo do curso do rio, além da destruição do meio ambiente dos mais de 670 Km de extensão do rio Doce, incluindo seus afluentes.

“Centenas de famílias de trabalhadores e trabalhadoras tiveram as suas vidas impactadas com a morte de parentes, amigos e conhecidos e também e com problemas de saúde e de emprego, pois muitos deles dependiam do Rio Doce para sua subsistência”, diz Daniel Gaio, secretário de Meio Ambiente da CUT.

Do ponto de vista ambiental, a contaminação da água com metais pesados, a morte dos peixes, da fauna e flora do rio e dos arredores fazem deste desastre “o maior crime ambiental do Brasil”, complementa o dirigente, lembrando que mais de 600 mil pessoas ficaram sem água em 16 municípios que se beneficiavam do rio.

Escândalo maior, de acordo com ele é que até agora ninguém foi punido, ou preso, como deveria ser. De acordo com o Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), que acompanha de perto todo o processo, a reparação das famílias até o momento tem sido insuficiente.

Criada por um Termo de Transação e Ajuste de Conduta (TTACC), em 2016, a Fundação Renova é controlada pelas mineradoras Samarco, Vale e BHP, responsáveis pela barragem. A Renova foi escolhida para mediar a reparação às vítimas.

A Renova tem agido de forma a favorecer as empresas e dificultar ainda mais as negociações e a responsabilização das mineradoras, denuncia Daniel Gaio.

De acordo com reportagem do Brasil de Fato, cerca de 33 mil vítimas da tragédia recebem um auxílio emergencial no valor de um salário mínimo. No entanto, o Ministério Público Federal (MPF) estima que aproximadamente 700 mil pessoas foram atingidas. A média de rendimento dos trabalhadores diminuiu em 59%. Era de R$ 2.014,00 e passou a R$ 826,00 após serem afetados pela tragédia.

Por outro lado, enquanto em quatro anos, de 2015 a 2019, o lucro da Vale e da BHP foi de cerca de R$ 162 bilhões, o valor que a mineradora gastou com indenizações foi de apenas R$ 2,51 bilhões.

Fonte: CUT Brasil